Professores de Ciências – humanistas – do Colégio Soka empenham-se em promover uma “teoria do caos” do bem
Cada um pode ajudar na mudança desde que haja a disposição e a coragem
A professora de Física Eliade Amanda Alves
Professor Mábio, de Biologia: "...Se cada um fizer a sua parte, claro que tem jeito!"
Professora Grace de Ciências: "é preciso tocar os alunos pelos sentidos"
Na ideia central da teoria do caos , acontecimentos minúsculos como o bater das asas de uma borboleta, podem causar calamidades inimagináveis. Dentro desse mesmo princípio, os professores das disciplinas de Ciências do Colégio Soka compreendem que a partir das pequenas ações do bem é possível reverter quadros aparentemente impossíveis. O BSGI Newsletter convidou os biólogos Grace Helena Souza Domiciano e Mabio Ullisses Gomes Vieira e a física Eliade Amanda Alves para conversar sobre o tema “Como incutir nas novas gerações o desejo por um planeta mais sustentável e mais harmonioso”.
“Tenho sempre em mente que é preciso tocar os alunos pelos sentidos. Ficar horas em uma sala de aula argumentando sobre a necessidade de agir é vazio, não chega ao coração”, inicia Grace. Na contramão do que predizem os fatalistas ambientais, Grace acredita que há saída para todas essas crises, mesmo com o Brasil caminhando na direção oposta dos mais relevantes eventos internacionais do clima e perdendo oportunidades incríveis de se engajar na chamada revolução verde.
Professora do Colégio praticamente desde a fundação em 2001, Grace é engajada na causa ambiental e todos os anos promove excursões “verdes”. Leva os alunos à Serra da Cantareira, ao Jardim Botânico e ao Centro Cultural Campestre da BSGI. “Há crianças que nunca pisaram no barro, na grama”, conta. Ela argumenta sobre a necessidade de expor os pequenos à vida que os rodeia para que se sinta parte dela e assim, entendam naturalmente sobre a necessidade de preservá-la.
Mabio é um educador cientista apaixonado pelo seu fazer científico. “Os meninos das grandes cidades vivem imersos em uma ‘bolha’, um mundo reduzido em que não conseguem ver-se inseridos no habitat natural. Eu sou a favor do choque de realidade para que se percebam como seres habitantes deste planeta”, argumenta. Mabio explica aos alunos que o conhecido rio Tietê que corta São Paulo e é um dos mais feios e vergonhosos “cartões postais” da cidade, já foi um lindo curso d’água cheio de curvas e mata ciliar. “Aí tiveram a brilhante ideia de ‘esticar’ o rio, reduzindo sua área e causando um impacto devastador. O resultado são os alagamentos anuais com os quais a população convive resignada”, explica.
Indignado, procura passar esse sentimento aos alunos para que busquem pensar em maneiras de solucionar os graves problemas ambientais que afligem a todos.
“As pessoas insistem em classificar o homem e a natureza como se não fizéssemos parte dela. Não tem separação! Somos parte do problema, aliás a pior parte pois nós somos os causadores, e é por isso que temos que repensar cada ato”, indigna-se Mabio.
A professora de Física Eliade enfatiza que busca esclarecer que as Ciências “duras” – Matemática, Física, Química – são essenciais para se desvendar as soluções e formular possibilidades. “Nem só de mata verde vive a Ciência!”, reitera. “Sem conhecer os conceitos básicos de cada área da Ciência não se terá a noção do todo”, resume. Eliade complementa ainda dizendo que “o amor pelo meio ambiente, perpassa necessariamente pelo amor a tudo que envolve os seres e seus fenômenos”.
O grande desafio, segundo Mabio, é desmistificar as barreiras das disciplinas. “Quando uma pessoa corre, por exemplo, tem diversas forças envolvidas nesse ato. Na Biologia, os músculos envolvidos, sangue bombeado; na Química, reações bioquímicas; na Física, o ar deslocado, a distância percorrida; na Matemática, quanto de perda metabólica e por aí vai”, enumera.
Os três concordam que é preciso também criar um senso crítico para que não se contentem com as informações desconexas, equivocadas e tendenciosas da mídia e fazer com que repensem suas necessidades de consumo. “Cada compra tem um impacto, desde a embalagem até o uso real do produto”, alerta Grace. Ela relembra do princípio dos 5R’s:
“E, acima de tudo, é preciso tirar da cabeça a ideia de que ‘não tem jeito’. Tem jeito sim! Se cada um fizer a sua parte, claro que tem jeito!”, finaliza Mabio.
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