03 de December de 2021

“Não criar dúvidas no coração!”

Priscila Donadio é a primeira budista de sua família e é uma prova viva de que a determinação em vencer, transforma vidas

Antes da doença, Priscila era era a imagem da saúde

Agora, em tratamento e com nova medula, Priscila mantém a alegria de viver

Desde 2009, quando se tornou membro da BSGI, a assistente social Priscila vem se empenhando para ser um ser humano cada dia melhor, em prol de si e de todos ao seu redor. Tanto que, pouco depois, ao observar as mudanças na filha, sua mãe decidiu também se converter. No início deste ano de 2021, como vem fazendo desde que se tornou budista, escreveu no topo de sua lista de objetivos, a frase: “não criar dúvidas no coração”. “Acredito que eu não tinha dimensão do objetivo que estava criando”, comentou.


Segundo ela, o ano se iniciou de forma magnífica. Mesmo diante dos inúmeros compromissos, estava conseguindo realizar seu objetivo da prática budista diária. Em meio ao estudo para prova do mestrado, passou em um processo seletivo interno na instituição que trabalha, grande vitória! No contexto social, o avanço da vacinação contra a Covid-19, encheu seu coração de muita esperança pelo fim da pandemia. Conseguiu até realizar uma trilha para conhecer novos lugares em meio à natureza.


Ela achava que seu carma[i] maior fosse de desarmonia familiar, mas estava enganada. Em abril se manifestou o carma da doença em sua vida. Priscila sempre fora saudável, contou que “não pegava nem resfriado, praticava esporte e tinha uma alimentação balanceada”. Cansaço excessivo, falta de apetite, diarreia e nódulos no pescoço foram os sintomas que a alertaram de que algo não estava bem. Foi até unidade básica de saúde, consultou-se com uma médica e informou seus sintomas.


“Precisei ir duas vezes ao pronto atendimento com crises de enxaqueca. Os médicos diziam que meu problema era estresse. Confesso que duvidei do diagnóstico, pois trabalho como assistente social em saúde mental e, mesmo diante de todos os desafios profissionais, nunca fui de absorver os problemas e ficar estressada, achava que estava com anemia”, explicou. Tinha férias marcadas naquele mês e já se planejara ficar em casa descansando e alimentando-se bem.


O diagnóstico


Uma amiga do trabalho, que é médica psiquiatra, insistiu para que fizesse um hemograma completo. E queria ver o resultado do exame pois tinha suas suspeitas. Priscila não queria, pois continuava achando que era somente estresse. A amiga não se deu por vencida e foi buscar reforços na irmã de Priscila que conseguiu convencê-la. Sua amiga médica suspeitava de leucemia e como a irmã de Priscila trabalha em um grande laboratório de análises, foi simples e rápido realizar o exame que confirmou o diagnóstico.


O médico que a atendeu indicou internação imediata. “Minha irmã me ligou e disse para preparar uma mochila e que me levaria ao hospital, eu achei desnecessário. Mas, com minha irmã não tem discussão, fomos ao pronto socorro da Santa Casa”, contou.


Seu primeiro dia de férias foi também o primeiro dia de internação. Com o diagnóstico de leucemia avançado confirmado, os médicos não entendiam como ela estava em pé. Recebeu transfusão de sangue e, um dia depois, após realizar diversos exames, foi encaminhada ao setor de Oncologia/Hematologia, para receber quimioterapia. “Foi tudo muito rápido, os médicos disseram que precisaria realizar o transplante de medula óssea, devido o grau da doença”, relatou Priscila.


O maior desafio de sua vida


Foi o momento em que família, amigos, companheiros da BSGI, todos incrédulos, não conseguiam acreditar no diagnóstico. “Eu estava concretizando, sem perceber, o objetivo de não criar dúvida no coração”, relembrou. “Acredito que no exato momento em que recebi a notícia da doença, toda a boa sorte acumulada ao longo dos anos, pelo empenho nas atividades humanísticas da BSGI, se manifestou. Não fiquei desesperada, muito pelo contrário, meu coração estava em paz. Uma orientação do presidente Ikeda também foi seu grande motivador:


“A vida é uma constante batalha contra a doença, não há o que temer, mas também jamais deve substimá-la. É importante buscar, o quanto antes, o tratamento adequado e segui-lo. A doença se utiliza do sofrimento para fortalecer a fé e expandir o próprio estado de vida. As batalhas contra doença, sob a luz da Lei Mística e da dimensão da eternidade da vida, são provações para conquistar a felicidade e a vitória. Não é porque está doente que não tem saúde. Ninguém, nem mesmo a sociedade, pode julgar o que é saúde. A saúde existe na postura otimista e vigorosa de uma pessoa que jamais se permite ser derrotada”.


A meditação e oração budista foram fundamentais no processo. Durante toda a internação, sempre que precisava fazer um exame difícil e enfrentar os efeitos colaterais da quimioterapia, pensava, em sua boa sorte por poder contar com o apoio dos companheiros que oravam para sua total recuperação e dos preciosos ensinos budistas. Manteve sempre em mente que deveria usar esse momento para incentivar as companheiras de quarto que sofriam com seus diagnósticos.


Enfrentou diversos desafios. Um deles foi a mucosite[ii], que a impediu de falar, engolir até mesmo a saliva, pois sua boca sangrava devido a feridas. “Contudo, meu coração estava radiante, pois sabia que todos estavam orando por minha saúde”. Teve alta e foi mantida na quimioterapia, enquanto faziam testes de compatibilidade com seus irmãos, e o resultado: o irmão Paulo foi 50% compatível e sua irmã Patrícia foi 100% compatível! “A alegria foi gigantesca em saber que realizaria o transplante, passei a orar com gratidão pela oportunidade de uma nova vida”.


Renascimento


Foi uma saga encontrar um local para a realização do transplante, mas tudo acabou acontecendo da melhor forma. E, no dia 29 de outubro último, foi feita a cirurgia. No dia 18 de novembro, data oficial da fundação da Soka Gakkai, foi o dia em que a nova medula começou a realizar suas funções. “Agora o dia 18 de novembro é também o dia do meu renascimento!”.


“Desde abril, quando recebi o diagnostico até agora, estou enfrentando o pós-transplante. Todo tratamento tem sido devastador, doloroso e, a cada dia enfrento um novo desafio”, contou. Mas nada abala a confiança e a disposição dessa mulher, aguerrida, batalhadora e determinada. “Tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas que enfrentam a doença e falar a elas sobre o budismo, compartilhando esperança sobre dias melhores. Em meu coração vibra o forte desejo de continuar contribuindo para vida das pessoas, viver com dignidade, obter saúde e longevidade!”, finalizou Priscila.


 


 






[i] Análoga à Lei da Física: “para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário”, o carma é a lei que ajusta o efeito à causa, ou todo bem ou mal realizado numa existência, trará consequências boas ou más em igual intensidade e força.




[ii] A mucosite é uma inflamação da parte interna da boca e da garganta que pode levar a úlceras dolorosas e feridas nessas regiões. Ocorre em até 40% das pessoas que recebem quimioterapia.



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