Viver o drama de um câncer é um desafio que, para muitos, significa uma quase morte. Não foi para Magda Lombardi da Silva
Magda com a família: filhos, noras e esposo
“Senti um pequeno nódulo no seio e achei que deveria saber o que era”, iniciou Magda. Ao longo da entrevista, uma mulher forte, jovial e muito bem humorada, discorreu sem qualquer melindre, o drama pessoal que vivenciou em sua luta contra o câncer de mama. Neste que é o mês dedicado à prevenção do câncer que mais mata mulheres no mundo, abordaremos a corajosa e exitosa história de Magda Lombardi da Silva.
Era final de 2016, em novembro. “Minha maior preocupação nem foi com o nódulo, mas com o fato de não ter plano de saúde”, contou. Magda fez exames preventivos anualmente pelo SUS. Não havia sido diferente naquele ano.
Lembrou-se de uma passagem de um dos escritos do buda Nitiren Daishonin onde ele orienta à monja leiga Toki: “cuide-se e não encha sua cabeça com pensamentos tolos”. Decidiu se preocupar quando fosse necessário, mas iniciou um desafio de oração para manter sua tranquilidade. “Não orei para não ser câncer, mas para ter coragem”, disse.
Quando finalmente fez nova mamografia cujo resultado confirmou a existência de um nódulo. Se dirigiu à UBS e foi atendida por um clínico geral, que confirmou se tratar de um nódulo nível 4 desconhecido. “Isso é um câncer!”, falou-lhe e já foi orientando-a e preenchendo todos os formulários para encaminhá-la ao hospital onde passou por uma equipe de mastologia.
Qualquer pessoa diante de um diagnóstico de câncer se sentirá, no mínimo, assustada. “Eu me mantive tão calma e centrada, provavelmente devido à oração que já vinha fazendo desde a descoberta do nódulo”, explicou Magda.
Seguiu dali ao centro médico indicado e em duas horas teve o agendamento confirmado para a primeira biópsia. O resultado lhe chegou em uma manhã fria e chuvosa. Estava escrito: carcinoma maligno, com recomendação de realizar mastectomia total. “O médico mastologista que me atendeu disse que faria a cirurgia e a colocação de prótese no mesmo procedimento. 'Porque eu só trabalho dessa forma!', Ele falou ”.
Nesse meio tempo recebeu a notícia de que fora selecionada para participar de um treinamento da SGI, no Japão, no que aconteceria 25 dias após a cirurgia. “Perguntei ao meu médico e ele disse que dependeria somente do meu pós operatório. Mas eu decidi que iria sem falta e intensifiquei minha oração", determinou.
Os dias que se passaram foram de intensa atividade. Magda visitou dezenas de pessoas, muitas com diagnóstico de câncer, incentivando-as, e oferecendo a sua força.
No dia da cirurgia ela seria a terceira a ser operada. Ao entrar no quarto com três leitos, viu somente uma pessoa. Soube que aquela moça era da segunda cirurgia do dia. A equipe de enfermagem tentava encontrar um acesso venoso, mas não conseguia. Magda foi atendida por outra equipe de enfermagem que prontamente realizou o procedimento sem dificuldade. Um paciente que seria operado primeiro não havia chegado quando o médico entrou no quarto. “Onde está a primeira paciente de hoje?”, perguntou. Informaram que a moça ainda não chegara. “E quem é a segunda?”, Indicaram a moça do outro leito, ainda sem o acesso venoso. Olhou para Magda já com o acesso e disse: “Então você será a primeira!” .
Amparada pelo afeto amoroso dos filhos e marido, Magda fez uma cirurgia que contou com duas equipes: uma para a mastectomia e outra para a colocação da prótese. Realizada a retirada total da mama afetada descobriram depois que se tratava de um dos mais agressivos tipos de câncer de mama. O nódulo tinha cerca de 2 cm e estava encapsulado. Sentiu uma grande proteção e boa sorte se manifestando ali pois é o tipo do carcinoma que causa rapidamente consequências devastadoras.
Mesmo tendo retirada toda a manifestação cancerígena de seu organismo, o oncologista achou por bem prescrever uma quimioterapia preventiva. Sua recuperação pós operatória foi tão boa que Magda viajou ao Japão na data prevista. “Pensei no escrito que fala para ativarmos o nosso potencial de cura. Minha viagem foi indescritível! Um verdadeiro presente! ”, exclamou.
Magda contou que foi profundamente tocada por um trecho do livro Desvendando os Mistérios da Vida e da Morte de autoria do presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda:
Nichiren Daishonin escreveu sobre a preciosidade da vida, declarando que um dia de vida tem o valor superior a dez milhões em ouro. Se um dia a mais de vida vale uma fortuna, quão importante é, então, que reconheçamos a dignidade da vida - quando uma vida se perde, ela jamais poderá ser recuperada. Reconhecer isso, no entanto, não consiste simplesmente em se agarrar à vida o maior tempo possível; significa fazer cada dia ter significado.
Daishonin escreveu ainda: “e a vida humana é tão difícil de manter quanto o orvalho permanecer sobre a grama. Contudo, é melhor viver um único dia com honra do que viver 120 anos e morrer na desonra ”. Nosso desafio é fazer com que cada dia seja significativo, preocupando-nos com o modo como vivemos do que com quanto tempo viveremos.
“Senti que estava evidenciando toda a boa sorte que havia acumulado ao longo de 47 anos de prática budista”, enfatizou. Os seis meses de quimioterapia se completaram sem que ela sentisse qualquer efeito colateral. Nenhum mal estar. “Quanto aos momentos difíceis, esses nunca deixarão existir. Mas para nós que praticamos este budismo, todas as dificuldades são oportunidades para nos levantarmos e nos tornarmos mais fortes e melhores, vivendo cada dia com alegria e coragem ”, finalizou Magda.
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